Entorno da Santa Cruz

Extraído dos Atos de André 


“[...] E então ele (Santo André), chegou ao lugar onde seria crucificado. E quando viu a cruz fixada na areia da praia, afastou-se dos que estavam com ele e aproximou-se da cruz. Então, em grande voz, dirigiu-se a ela como se fosse uma criatura viva:


Salve, ó Cruz, esteja feliz de fato!
Bem sei que daqui em diante estarás em repouso (diz para sua Cruz),
tu que há muito tempo estás cansado,
sendo preparado e me aguardando.


Eu venho a ti, ó Cruz, a quem sei pertencer a mim.
Eu venho a ti que ansiava por mim.


Sei de teu Mistério, pelo qual estás estabelecida.
Tu tens sido levantada no cosmos para estabelecer o instável.


Uma parte de ti se estende para os céus,
para que possas assinalar o Logos celestial,
cabeça de todas as coisas.


Outra parte de ti se estende à direita e à esquerda,
para que possas pôr em fuga o poder covarde e hostil,
e assim reunir o cosmos na Unidade.


E outra parte de ti é plantada na terra,
enraizada nas profundezas,
para que possas colocar o que está
acima e abaixo da Terra em contato com o que está no Céu.


Ó Cruz, artifício da salvação do Excelso!
Ó Cruz, troféu da vitória do Chrestos sobre os seus inimigos!
Ó Cruz, plantada na terra e tendo teus frutos nos Céus infinitos!
Ó Nome Sagrado da Cruz, cheio de todas as coisas!


Muito bem, ó Cruz, que limitas a circunferência do mundo!
Muito bem, ó forma do Entendimento,
que tens moldado tua própria qualidade sem forma!
Muito bem, ó Disciplina Invisível,
pois disciplinas severamente a substância do conhecimento de muitos deuses,
e expulsas da humanidade o seu Descobridor!
Muito bem, Ó Cruz, tu que te vestiste com o Senhor,
e que levaste o Ladrão como fruto,
e chamaste o apóstolo ao arrependimento,
e não achaste indigno receber-nos!


Mas, até quando direi essas coisas e não serei abraçado pela Cruz,
para que, na Cruz, eu possa ser vivificado e, por meio da Cruz,
possa deixar esta vida através de uma morte comum?


Aproximem-se, ó ministros da minha alegria,
e realizem o desejo que ambos temos,
e sujeitem o Cordeiro ao seu sofrimento,
o homem ao seu Criador,
a alma ao seu Salvador...”